Sempre brincávamos juntos
A rua era nosso quintal da frente
E estávamos por todos os cantos
De pouco em pouco
Algo que não sabemos explicar
Foi chegando como um vento mouco
Nos cercando e afastando até nos separar
Não adiantava argumentar ou gritar
Esse tal vento nos empurrava sem perguntar
Para onde vou? perguntava eu ao vento
Cada vez mais só e sem argumento
Não queria me afastar
Mas já não via mais ninguém e devagar
Arrastado por minhas próprias decisões
Já não via mais soluções
As vezes, numa brisa leve e lenta
O vento sopra e traz alguém
Um amigo ou um familiar que não se assenta
Ficando apenas nesse ritmo de vaivém
Da mesma forma que veio
foi levado embora pelo mesmo vento
Como a poeira mais sutil suspensa no meio
Como se fosse um febril exposto ao relento
Espero o dia em que essa brisa sopre mais forte
Que esse vento então se torne um tornado e com sorte
Possa levantar tudo o que espalhou
Trazendo de volta aquilo que levou
Assim os bons tempos retornarão
E todos juntos voltaremos a brincar
No nosso quintal não haverá mais fronteira ou portão
Que irá nos separar